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[ terça-feira, 14 de outubro de 2008 | 0 comentários ]

PARTE QUATRO
EXAMINAI AS ESCRITURAS
A Palavra de Deus e o Testemunho de Jesus

Quero encerrar falando de um lugar, como o símbolo de uma realidade espiritual a ser descoberta, onde alcançaremos um novo nível de revelação e profecia. Esse lugar é Patmos, uma pequena ilha rochosa do mar Egeu, situada a Sudoeste de Éfeso, para onde os romanos exilavam alguns dos seus presos políticos. Mas o que faz de Patmos um lugar de revelação?

João afirma ter recebido algo mediante o testemunho da palavra de Deus e o testemunho de Jesus (Apocalipse 1:2), confirma estar na Ilha de Patmos “por causa” da palavra de Deus e o Testemunho de Jesus (Apocalipse 1:9). Dessa maneira, o testemunho de João aponta um caminho a ser trilhado para alcançarmos o espírito da profecia, pois em Apocalipse 19.10 diz que o testemunho de Jesus é o espírito da profecia.

Primeiramente, precisamos entender a “Palavra” não mais como uma expressão passiva e instantânea, mas como “Verbo”. Tendo como plano de fundo da criação o Governo Soberano de Deus, havia um lugar no universo a ser ordenado pela “palavra”. Porém, no hebraico a “palavra” não é uma figura de linguagem, mas um agente de personificação, um “verbo”, e assim como no grego “Logos” deve ser entendido como uma “ação concreta de Deus”, portanto, quando Deus “Disse”, Ele fez por meio de um processo natural onde para ele um dia é como mil anos e mil anos um dia. Deus falou fazendo, porque quando Ele faz, Ele fala e quando paramos para ver o que Ele está fazendo, o ouvimos claramente.

Por isso, em Romanos 1.20 diz que os atributos invisíveis de Deus, assim como o seu eterno poder, como também sua própria divindade “claramente se reconhecem”, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas. O que Ele fez fala de si mesmo, e quando olhamos para o que Ele fez podemos vê-lo claramente, tornando indesculpável o não conhecê-lo.

Outro bom exemplo disso está em Hebreus 1.1-2 onde “Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, nestes últimos dias, nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, pelo qual também fez o universo”. Mas uma vez confirmando, Deus falando por meio daquilo que está fazendo.

Alguns textos como João 5.19 João 8.28 João 12.49 João 14.10 João 15.15, Jesus declara só fazer aquilo que “Vê” o Pai fazendo, ou ainda “Nada faço por mim mesmo, mas falo como o Pai me ensinou.É interessante que o fazer e o falar estão relacionados, como em Atos 1.1 Lucas resume sua primeira obra como o relato de todas as coisas que Jesus “Fez e ensinou”. Daí entendemos o testemunho da Palavra de Deus, não mais como algo passivo, mas como a própria palavra encarnada, uma ação concreta mediante uma direção expressa.

A questão é que se não tenho disposição em fazer algo, não consigo ouvi-lo falar, porque olhando para Deus, devemos entender o que significa “Falar fazendo”. Por isso, a palavra “Obedecer” tem como significado original “Olhar Atentamente” para fazer igual. Dessa forma, a “Palavra de Deus” vai promover em nós o “Testemunho de Jesus”, porque foi exatamente sobre esse princípio que Ele se moveu, não fez nada por si mesmo, não fez nada para si mesmo, mas simplesmente fez o que viu o Pai fazendo. Trata-se de uma questão de foco, onde miopia pode gerar surdez espiritual.

Portanto, o testemunho da palavra de Deus á algo muito mais concreto e comprometedor do que simplesmente ler as escrituras, é algo que depende não do quanto amamos a Bíblia, mas sim do quanto amamos a Deus Pai, para que assim como o Filho “façamos sempre o que lhe agrada”. Se eu amo a Deus, faço a sua vontade, e para isso, observo o que está fazendo e caminho sobre a sua palavra.

Esse princípio nos dará condições de experimentar o verdadeiro testemunho de Jesus no sentido original de martírio. Um bom texto para confirmar isso está em Apocalipse 6.9 “vi, debaixo do altar, as almas daqueles que tinham sido mortos por causa da palavra de Deus e por causa do testemunho que sustentavam”.

Em Apocalipse 1.9,João fala do que lhe custou a palavra de Deus e o testemunho de Jesus. Primeiramente o preço desse testemunho foi ser co-participante na tribulação dos irmãos, no sentido de muitas aflições por causa da grande pressão e opressão que sofreremos para negligenciarmos a Palavra de Deus, para negociarmos o “fazer o que o Pai está fazendo”. Por isso falamos no início do texto sobre os “Paradigmas evangélicos”, pois não podemos mais continuar fazendo aquilo que queremos, mas sim aquilo que o Pai está fazendo, sabendo que isso nos custará suportar pressões espirituais, sociais e religiosa.

Continuando, ele fala de ser co-participante do Reino, de um lugar seguro de autoridade em que não nos movemos com base em uma perspectiva natural, mas espiritual, caminhando em paz e alegria no espírito, em obediência e dependência total a Deus.

Por fim, João fala de perseverança em Jesus, e não poderíamos terminar com uma palavra melhor, pois essa expressão fala de não nos desviarmos do propósito e da lealdade da fé que temos a palavra, mesmo que passemos pelas maiores pressões, pois essas provações nos darão firmeza para continuar. (Tiago 1.2-4).

Apocalipse 20:4 diz: “Vi também tronos, e nestes sentaram-se aqueles aos quais foi dada autoridade de julgar. Vi ainda as almas dos decapitados por causa do testemunho de Jesus, bem como por causa da palavra de Deus, tantos quantos não adoraram a besta, nem tampouco a sua imagem, e não receberam a marca na fronte e na mão; e viveram e reinaram com Cristo durante mil anos”.

Esse texto confirma o preço pago por todos aqueles que não amaram mais as suas próprias vidas por causa do testemunho de Jesus e da palavra de Deus, não pactuando nem se rendendo ao governo falido do inferno que influência o curso desse mundo pelos filhos da desobediência (Efésios 2), recebendo vida e autoridade para reinar com Cristo. (Apocalipse 12:11 “Eles, pois, o venceram por causa do sangue do Cordeiro e por causa da palavra do testemunho que deram e, mesmo em face da morte, não amaram a própria vida”).

A verdade é que nossa submissão a Deus e o testemunho de Jesus resultarão em Autoridade para sermos proféticos e apostólicos cumprindo a palavra referente ao tempo presente na expectativa de uma manifestação plena com Cristo.

A palavra, no sentido de um “verbo”, para nós hoje é “Avancemos”, na palavra de Deus e no testemunho de Jesus, para que verdadeiramente experimentemos ser mais proféticos, cooperando com o propósito de Deus para esses dias. Mantenham o testemunho de Jesus; adorem a Deus. Pois o testemunho de Jesus é o espírito da profecia (Apocalipse 19.10).

Fraternalmente em Cristo
Anderson Bomfim