:: AVANÇO CORPORATIVO ::

[ terça-feira, 22 de novembro de 2011 | 0 comentários ]


Mais do que nunca, reconhecemos a importância de renovar nosso entendimento espiritual e a disposição de coração para finalizar o que fomos chamados a cumprir, indo além da mera multiplicação da informação, pouca inteligência e quase nenhuma sabedoria espiritual[1]. Porém, não temos como falar de avanço e finalização sem a estabilidade, representada nos pilares de sustentação que proporcionam firmeza e solidez necessárias para o crescimento experimentado, sábio, seguro e saudável da Igreja na cidade. Pelo menos dois pilares são necessários que trazer equilíbrio e direção, a “Verdade” e a “Aliança” ou “Revelação e pacto”. A igreja do primeiro século tinha o entendimento destes dois princípios. Perseveravam em se manter da verdade e na comunhão (Atos 1.14 e 2.42).

Paulo fala da verdade que supre, equilibra e sustenta o Corpo de Cristo, gerando uma estatura espiritual. A verdade em amor gera ajuste, consolidação, auxílio de toda junta, justa cooperação de cada parte, o aumento e a edificação de todos. Princípios que possibilitam finalizar em Deus dentro do seu tempo e propósito.

...para que não mais sejamos como meninos, agitados de um lado para outro e levados ao redor por todo vento de doutrina, pela artimanha dos homens, pela astúcia com que induzem ao erro. Mas, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo, de quem todo o corpo, bem ajustado e consolidado pelo auxílio de toda junta, segundo a justa cooperação de cada parte, efetua o seu próprio aumento para a edificação de si mesmo em amor.   Efésios 4.14-16

Ensino que não aperfeiçoa para servir e quem não pratica para crescer visando estatura de Cristo, não tem compromisso com a verdade. Qualquer desvio da verdade e quebra dos vínculos de amor, desequilibra e desestabiliza. Estamos diante da estratégia usada para impedir o desenvolvimento e avanço do corpo de Cristo. O contexto de Atos e Éfeso falam de dois momentos distintos de uma mesma igreja, porém em ambas identificamos os mesmos pilares que dão sustentabilidade e visam continuidade, crescimento natural, orgânico e organizado, avanço e cumprimento.

Qual a procedência dos fatores que tem nos impedido de avançar em novos níveis de influência e autoridade? De onde vem o desequilíbrio, desestabilidade, inconstância e crise de concordância? Se a estabilidade depende do quanto estamos posicionados na verdade em amor, não podemos atribuir nossos problemas a fatores externos. O ponto de partida para o avanço está na humildade para reconhecer nossa desordem interior e na coragem para uma avaliação franca e responsável.

Tiago 4.1 pergunta: De onde vêm as guerras e discórdias que há  “entre” voz? Ele mesmo responde com outra pergunta: Será que vem das guerras que há “em” vós? Cobiças, invejas, competições, egoísmo, e todo tipo de infidelidade para com o corpo de Cristo devem ser tratadas primeiramente dentro de nós. Os problemas que temos “entre” nós nada mais são do que reflexo dos problemas que temos “em” nós.

A igreja em Corinto não pôde ser tratada como espiritual e ministrada a respeito de valores profundos, porque vivia um contexto de imaturidade, ciúmes e contendas. 1 Coríntios 3:1 diz: “Eu, porém, irmãos, não vos pude falar como a espirituais, e sim como a carnais, como a crianças em Cristo.Leite vos dei a beber, não vos dei alimento sólido; porque ainda não podíeis suportá-lo. Nem ainda agora podeis, porque ainda sois carnais.Porquanto, havendo entre vós ciúmes e contendas, não é assim que sois carnais e andais segundo o homem?”

Os fatores que nos desestabilizam são internos. Ao invés de justificarmos nosso atraso devemos reconhecer que existe uma justificativa, nossos problemas mal resolvidos e nossas rupturas legalizam ações infernais em nosso meio. O texto de 1 Pedro 5:8 diz: “O Diabo, o inimigo de vocês, anda ao redor como leão, rugindo e procurando a quem devorar”. A expressão “ao redor” significa no original “fazer uso das oportunidades”. Em outras palavras “Nosso inimigo está atento esperando oportunidades dadas por nós para atuar trazendo confusão e atraso”.

Muitas vezes Israel foi impedido de avançar prejudicado por fatores internos, (reis, profetas e sacerdotes) por homens que quebraram aliança pelo engano do seu próprio coração.O inferno não tem poder para prevalecer sobre a igreja de Cristo, ele é legalista e se aproveita da falta de entendimento e concordância para atuar através da mentira, hipocrisia e rupturas, gerando crises e desestabilizando internamente.

Ao invés de confrontarmos demônios somos desafiados a tomarmos uma posição firme de resistência que estabelecerá limites e nos fará imunes ao veneno da amargura. Tiago 4:7 diz: Organizem suas vidas sob o Governo de Deus (Sujeitai-vos), se oponham, coloquem-se em posição contrária ao diabo e ele fugirá de vós

1 Coríntios 1:10 | Rogo-vos, irmãos, pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo,que faleis todos a mesma coisa e que não haja entre vós divisões; antes, sejais inteiramente unidos, na mesma disposição mental e no mesmo parecer. fui informado, pelos da casa de Cloe, de que há contendas entre vós.

Êxodo 12.40 fala que Israel ficou no Egito por quatrocentos e trinta anos, trinta anos a mais que o previsto, um atraso que parece ser resultado da precipitação de Moisés em se achar pronto para ser libertador por seus próprios meios, resultando na fuga para região de Midiã durante aproximadamente trinta anos, onde vive a restauração do seu chamado, abrindo mão dos seus próprios caminhos, tirando as sandálias dos seus pés. Israel carregava uma palavra, a aliança feita com Abraão (Gênesis 15:13), e o Egito foi parte do tempo pré-determinado de quatrocentos anos como parte do processo para cumprir o plano. A falta de entendimento pela renovação de mente, a incredulidade e falta de concordância atrasou a finalização do propósito de Deus para aquele tempo e comprometeu uma geração.

Na narrativa de números, uma geração chamada para andar sobre a “verdade de Deus” escolhe seus próprios meios e se desencontra no meio do caminho. Números 13 fala da terra que “Eu hei de dar”, uma palavra de ocupação, Calebe no verso trinta diz: “Subamos e possuamos a terra, porque certamente prevaleceremos”. Essa era a verdade de Deus, mas para que pudessem avançar com estabilidade para cumprir precisavam entrar em concordância (pacto).

Segundo a narrativa de Números, os espias parecem ser parte da estratégia de Deus, mas em Deuteronômio 1.21-22, vemos um quadro mais detalhado confirmando que a verdade de Deus era: “Sobe e possui-a como te falou o Senhor, Deus de teus pais. Não temas e não te assustes”, e os anciãos do povo sugeriram que fossem enviados espias, uma idéia que pareceu boa, mas pavimentou um caminho de morte para uma geração.

A estratégia dos anciãos trouxe confusão, a mistura da verdade de Deus com a nossa vontade. Doze homens foram enviados em nome de uma “verdade”, mas apenas dois creram. Essa numerologia pode ter significado para nós uma vez que muitos declaram avançar em nome do Reino (doze), mas não finalizam por falta do testemunho (dois). Não basta falarmos sobre o Reino é necessário que tenhamos o mesmo “espírito”.

Deus confirma sua “verdade” sobre Calebe porque nele houve “outro espírito”, o texto explica essa afirmação dizendo: “perseverou em me seguir por isso o farei entrar e possuir”. Seu espírito não era de medo e incredulidade, entrou em concordância com a “verdade” e com Josué (Números 14:24 e 30). A partir deles um caminho se abriu para uma geração finalizar em seu tempo de acordo com o desígnio de Deus.

O fato dos espias não se moverem no mesmo testemunho, trouxe retrocesso. Números 14.25 e Deuteronômio 1.40 confirmam: “dêem meia-volta e partam em direção ao deserto pelo caminho que vai para o mar vermelho”(NVI). Tiveram que voltar ao marco zero. O máximo que alcançaram foi o lugar de preparação sem finalização (cades). O Reino é dinâmico, quando achamos que estamos parados já retrocedemos (Mateus 12.30). Não se posicionar em Deus já é um posicionamento de risco e repetição de ciclos de preparação sem concretização.

Essa geração do mar vermelho cheia da cultura do Egito, segundo Números 14.29,  todos que se queixaram contra o Senhor de vinte anos para cima cairiam mortos durante os quarenta anos no deserto (Números 14.32-33 | Hebreus 10.39). Josué deixou de ser Oséias “salvação”, para se chamar o “Senhor é a salvação”. Josué guiou os israelitas até a possessão de sua herança. No final de sua vida testemunhou “vós bem sabeis de todo o vosso coração e de toda a vossa alma que nem uma só promessa caiu de todas as boas palavras que falou de vós o Senhor, vosso Deus; todas vos sobrevieram, nem uma delas falhou” Josué 23.14.

“Certamente, nenhum dos homens desta maligna geração verá a boa terra que jurei dar a vossos pais,salvo Calebe, filho de Jefoné; ele a verá, e a terra que pisou darei a ele e a seus filhos, porquanto perseverou em seguir ao Senhor.Também contra mim se indignou o Senhor por causa de vós, dizendo: Também tu lá não entrarás. Josué, filho de Num, que está diante de ti, ele ali entrará; anima-o, porque ele fará que Israel a receba por herança. E vossos meninos, de quem dissestes: Por presa serão; e vossos filhos, que, hoje, nem sabem distinguir entre bem e mal, esses ali entrarão, e a eles darei a terra, e eles a possuirão. Porém vós virai-vos e parti para o deserto, pelo caminho do mar Vermelho”.

Precisamos entender algo: “Arrependimento tardio traz comprometimento pontual”. O povo demorou em se arrepender e quando Moisés transmite o decreto do Senhor, o texto de Números 14.39 diz que choraram amargamente, decidindo ocupar a terra de qualquer jeito, mas Deus disse: Cada um de vocês preparou-se com as suas armas de guerra, achando que seria fácil subir a região montanhosa.Diga-lhes que não subam nem lutem, porque não estarei com eles. Infelizmente, muitos não aceitam o fato de terem passado do tempo, tentam tomar a terra à força e foram envergonhados, porque não se posicionaram no momento correto. (Números 14.39-44 e Deuteronômio 1.41-42)

Nesse contexto Moisés faz uma oração descrita no Salmo 90: “Quem conhece o poder da tua ira? Pois o teu furor é tão grande como o temor que te é devido. Ensina-nos a contar nossos dias para que nosso coração alcance sabedoria”.

Deus não poupou os homens que disseminaram incredulidade no meio do povo, que promoveram atraso, pregaram engano, impediram que uma geração alcançasse a verdade de Deus para suas vidas, não poupou aqueles que comprometeram o destino de uma geração. Para aqueles que saíram do Egito com Moisés, a geração de Josué poderia representar aqueles que seriam levados como despojo, sem capacidade de distinguir entre o bem e o mal. Mas os primeiros se preparam e não chegam, os segundos executam.

Isso prova que o que tem nos desestabilizado são fatores internos. Devemos viver a esperança de concluir tempos, trazer desfecho, transicionar ciclos geracionais. Segundo Efésios 5.14, acordar do sono da insensatez, sermos curados da embriaguez da dissolução e sermos iluminados da passiva cumplicidade com as obras infrutíferas das trevas, para procurar compreender sempre qual a vontade do Senhor, remir o Tempo no sentido de resgatar o “kairos”, trazer o cumprimento do tempo de Deus para o dia que se chama hoje, avançar com objetividade profética e estratégia apostólica, mantendo sempre os olhos fixos no fim (Mateus 24.14)..

E, então, virá o fim, quando ele entregar o reino ao Deus e Pai,quando houver destruído todo principado, bem como toda potestade e poder. Porque convém que ele reine até que haja posto todos os inimigos debaixo dos pés.
1 Coríntios 15:24 


[1] Comentário de Rinaldo Texidor


Anderson Bomfim
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