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[ quinta-feira, 17 de julho de 2008 | 2 comentários ]

PARTE TRÊS
EXAMINAI AS ESCRITURAS
Aplicações práticas

Queremos desenvolver alguns valores práticos a respeito de como podemos “Examinar as escrituras”, entendendo que o primeiro “paradigma” a ser mudado nesse ponto seria o da "vulnerabilidade”, que significa reconhecer nosso lado fraco a respeito de um assunto, de uma questão ou até mesmo o ponto pelo qual alguém pode ser atacado ou ferido. É muito comum lermos as escrituras já com um conceito pré-estabelecido ou com uma idéia formada a partir do conhecimento geral que temos do texto, como se não houvesse mais nada a ser descoberto.

Porém, para “Examinar as escrituras”, no sentido mais literal de investigar cuidadosamente, precisamos nos mostrar vulneráveis a Deus, mostrar nossa limitação de entendimento quanto à profundidade das maravilhas da sua Lei, afim de que possamos alcançar o desvendamento proposto (Salmo 119.18 “Desvenda os meus olhos, para que eu contemple as maravilhas da tua lei”).

Chamados essa condição de “Coração Ensinável”, provado não somente na busca pelo conhecimento científico e histórico, mas pelo revelado, visando sempre a experimentação na palavra justiça (Hebreus 5.13-14), a fim de alcançar maturidade e desenvolvimento integral. Algo que ao contrário do que imaginamos pode começar quando aprendemos a dizer “Não sei” e levamos nossos pensamentos ao mesmo padrão de pensamento de Cristo (2 Coríntios 10.5).
Cremos que uma vez nascidos do alto, da água e do Espírito, temos o Espírito de Deus em nós como filhos e por Ele somos guiados em toda a verdade, ensinados em todas as coisas, entendendo essa realidade como algo acessível e familiar, visando alcançar o conhecimento de Deus, nos alinhando a sua vontade e verdade relativa ao tempo presente, elevando-nos do conhecimento cientifico e histórico ao conhecimento revelado.

“O Reino de Deus tem mistérios, segredos, enigmas. Têm verdades, tesouros das escrituras escondidos em Cristo e por causa da nossa limitação humana, ficamos impedidos de conhecê-los. Por isso, revelação fala da remoção da nossa limitação natural e humana, para que, através de entendimento espiritual possamos conhecer e entender verdades de Deus antes ocultas[1]”.

Estamos falando de um nível de conhecimento que não se alcança através da sabedoria e intelectualidade, mas através da iluminação do Espírito. Portanto, o remover desse véu, o romper dos limites do nosso entendimento natural deve ser diário (Oséias 6.3 “Conheçamos e prossigamos em conhecer ao Senhor; como a alva, a sua vinda é certa; e ele descerá sobre nós como a chuva, como chuva serôdia que rega a terra”).
Reconhecendo que pela intervenção do Espírito os olhos do nosso entendimento são abertos, provando da graça de Deus opera na exposição da vulnerabilidade. Um bom texto para entendermos isso está em Hebreus 4.12-13: “Porque a palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e propósitos do coração. E não há criatura que não seja manifesta na sua presença; pelo contrário, todas as coisas estão descobertas e patentes aos olhos daquele a quem temos de prestar contas”.

Isso quer dizer que em nossa busca por descobrir a verdade devemos estar prontos para sermos descobertos por ela, rasgados e desvendados, conscientes que a revelação de Deus é reveladora, que quando o descobrimos somos descobertos, quando alcançamos revelação, somos revelados, estamos nos expondo a luz que descobre todas as coisas.
Porém, essa realidade de desvendamento está disponível a todos que desejarem romper com a superficialidade religiosa para seguir o conselho de “Examinar” com atenção e minúcia, pesquisar, interrogar e questionar como um Juiz conduz uma investigação, sempre ponderando e meditando sobre cada detalhe a fim de encontrar o que está além das letras.

Para isso, primeiramente temos que quebrar o paradigma de buscarmos “Idéias Prontas” para começarmos a experimentar algo que na Linguagem da Primeira Aliança aparece como esquadrinhar, no sentido de explorar examinando detalhadamente (Daniel 12:4 “Tu, porém, Daniel, encerra as palavras e sela o livro, até ao tempo do fim; muitos o esquadrinharão, e o saber se multiplicará”).

Algo muito comum em centros acadêmicos é investirmos a maior parte do nosso tempo em obras que tratam sobre as escrituras, sem muitas vezes investirmos tempo na própria escritura. Não estamos dizendo que devemos deixar essas ferramentas de pesquisa, devemos usá-las como complemento, da nossa leitura bíblica, pois acreditamos que o nível de revelação é proporcional ao nosso nível de conhecimento bíblico.

A qualidade de execução musical é proporcional ao nível de técnica e talento desenvolvido, eu avanço musicalmente em termos de inspiração, à medida que avanço em transpiração. O quero dizer é que o conhecimento revelado não vem por osmose ou algum tipo de transferência como muitas vezes as pessoas pedem. Para que o Espírito nos faça lembrar, precisamos primeiro ter do que lembrar! Para que possamos descobrir o que esta por trás das letras, precisamos ir até as letras.

Muitas vezes nos frustramos, lemos a bíblia toda em tempo recorde e não alcançamos muitas revelações bíblicas, por quê? Precisamos entender nosso nível de revelação é proporcional ao nosso nível de conhecimento. Eu posso ter uma revelação bíblica a respeito de um texto que não conheço, ou nunca li? A verdade é que queremos algo instantâneo e está sendo proposto algo desenvolvido. Porque vemos tantas revelações sobre Davi trazendo a Arca, Elias na caverna, a mulher samaritana? Porque são textos que conhecemos bem seu contexto, a história, as pessoas envolvidas, dessa forma podemos ir além das letras, alcançando uma leitura que nos trará riqueza espiritual, transformação pessoal e testemunho público.

Portanto, precisamos aprender a ler várias vezes o mesmo texto, e a partir da informação buscar revelação. Estamos falando sobre esse tema com objetivo de encorajamos a todos que “examinem as escrituras” com dedicação e zelo, seguindo o testemunho de Jesus que falava fazendo influenciando a forma de pensar e de viver da sua época.

[1] (livro: O conhecimento revelado) Luciano Subirá.


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[ quinta-feira, 10 de julho de 2008 | 1 comentários ]

PARTE DOIS
EXAMINAI AS ESCRITURAS
As escrituras, a Fé e a Cultura

O primeiro artigo trabalhou a relação dos “Paradigmas culturais evangélicos” com as “Escrituras”, continuando nosso pensamento, queremos encorajar o “Examinar as escrituras” a partir de uma percepção saudável de sua praticidade, transicionando nossa mentalidade da espiritualização conceitual e mística isolada da vida real, para uma espiritualidade prática, simples, profunda e selada com verdade. Para isso queremos trabalhar a relação das Escrituras com Fé e a Cultura, observando como essa relação coopera com essa proposta de desmistificação, mostrando que a palavra escrita é o resultado final de um processo de Revelação, fé e prática pessoal e coletiva.

Quando falamos das escrituras como temos hoje em nossas mãos, precisamos ampliar nosso entendimento para ver sua influência, bem antes da existência da palavra escrita, pois o que hoje limitados a mera leitura devocional, há muito tempo, foi “Falada” por meio de revelação (Da Parte de Deus), sendo transmitida e aplicada pela fé (Por Seus Profetas e Sacerdotes), mostrando muito relevância pública, modelando o modo de pensar e de viver de um povo (Israel).

Muito antes de terem inventado o seu próprio sistema lingüístico, e mesmo depois da sua adaptação lingüística, os hebreus contavam e recontavam suas histórias, muitas das quais foram posteriormente registradas no que conhecemos hoje como a Bíblia (Nome dado pelos gregos aos rolos de papiro). Essa “Palavra falada” é chamada de “Tradição Oral”, e mostra a forma como Deus fazia parte da vida integral de seu povo. A medida que todos ouviam “essas palavras”, aderiam a fé em Deus, representando um padrão que acabava modelando toda a sua maneira de viver. Mas as histórias não eram o único método de transmissão dessas palavras, haviam também provérbios, orações, poemas líricos, cânticos e até charadas como em Juízes 14.14”.[1]

Portanto, a palavra, a fé e a cultura interagiam de forma natural. Por exemplo: Deuteronômio 6.6-9 diz: “Estas palavras que, hoje, te ordeno estarão no teu coração; tu as inculcarás a teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e ao deitar-te, e ao levantar-te. Também as atarás como sinal na tua mão, e te serão por frontal entre os olhos. E as escreverás nos umbrais de tua casa e nas tuas portas”. Preste atenção que o “Falar” e o “Andar” mostram a "Palavra em Ação", tornando-se parte integral da fé aplicada na vida real, influenciando o paradigma pessoal, estabelecendo uma cultura coletiva, promovendo a “Palavra de Deus” como uma expressão viva e ativa, ao invés de apenas lida e intelectualizada. Salmo 44.1 confirma esse princípio da transmissão oral: “Ouvimos, ó Deus, com os próprios ouvidos; nossos pais nos têm contado o que outrora fizeste, em seus dias”.

Ambos os textos falam do zelo pela Palavra de Deus, operando primeiramente de forma falada, expressa na forma vivida, sendo posteriormente organizada na forma escrita, porém hoje, priorizamos a palavra escrita, mas não falamos mais sobre ela, não vivemos segundo seus valores e seus princípios não são mais contados entre nós e nossos filhos, resultando em uma cultura moralmente afetada e espiritualmente carente do caráter de Deus.

Tudo começou com a palavra falada, primeiramente pelo próprio Deus, falando diante de todo o povo que ouvia ao pé do monte Sinai (Êxodo 20.19), depois somente a Moisés que entrega dez leis escritas em tábuas de pedra. Provavelmente todas as outras 613 leis (Mandamentos Estatutos Ordenanças) tenham sido transmitidas durante o tempo em que os Israelitas permaneceram acampados no Sinai [2]. Agora poderíamos perguntar por que tantas leis? Porque naquele momento Israel estava sendo definido como Nação. Isso significa que as “Leis definem o Governo de uma Nação Escolhida por Deus”, e partir desse momento identifica-se Israel como “Nação Santa de Deus” (Êxodo 19.6).
Porque a Palavra consolida a fé, moldando comportamento e cultura, Deus estava estabelecendo um padrão pela sua palavra revelada, estava definindo a identidade desse Povo a partir da sua própria natureza, pois quando Deus falava ao povo, falava de si mesmo, influenciando diretamente nas questões civis, sociais, familiares, saúde, economia, ou seja, na vida integral deles como Família e Nação


O interessante é observarmos que não se trata de algo isolado na história, uma vez que em 1750 a.C um Rei babilônico chamado Humurábi provavelmente tenha escrito em uma coluna de pedra, 282 leis recebidas do deus sol [3], sendo assim, organizados por códigos de lei, porém, abrangendo apenas questões civis segundo sua distinção de classes, contudo, mostra claramente que tanto a Babilônia, como Israel, foram ordenados seguindo uma mesma metodologia de implantação e funcionamento. As Leis que ordenaram o povo de Israel são divididas em mandamentos, estatutos e ordenanças, tendo suas respectivas representações para que o caráter de Deus seja revelado em seu povo.

Moisés é o primeiro dentro do relato bíblico identificado como escritor (Êxodo 17.14), porém foi a partir do momento que os hebreus se estabeleceram na terra prometida, que desenvolveram seu sistema próprio de escrita adaptando o alfabeto Fenício para sua própria língua (1050 a 850 a.C) começando o processo que organizou a palavra escrita. Não temos como detalhar esse processo aqui, mas o que é importante para nós agora é entendermos que a “Palavra Escrita” em nenhum momento deve ser tratada de forma isolada da “Palavra Falada e Vivida”. Com isso, quero aqui mostrar a necessidade de rompermos com esse “Velho Paradigma” do dualismo que separa vida cristã da vida “Secular"que segundo nossos dicionários tem como parte de seu significado “Algo Profano”.

Portanto, não podemos ter duas vidas distintas entre si, trata-se de um pensamento ultrapassado, atrasado e inadequado àqueles que foram comprados pelo sangue do Cordeiro, constituídos como Reino e Sacerdócio para Deus, para uma realidade de fé e vida integral, onde a palavra revelada e falada é aplicada, para que sua Cultura possa ser influenciada pelos valores de Deus, desenvolvendo um processo de transformação.

Avançando ao Novo Testamento, entendemos que ele foi escrito e organizado a partir daquilo que Deus disse, ou seja, a Lei e os profetas representam a base de tudo que foi ampliado a partir da vinda e testemunho de Jesus. Lembrando que durante os primeiros anos após a ressurreição, nada foi escrito a respeito de Jesus, pois ele mesmo não deixou nada escrito e nenhuma recomendação para que seus discípulos o fizessem. Além disso, acreditavam que Ele voltaria num futuro imediato, por isso, mantinham suas palavras vivas oralmente.

À semelhança dos primeiros hebreus que se assentavam ao redor dos contadores de histórias, os primeiros cristãos reuniam-se com aqueles que tinham o testemunho de Jesus para saber mais a respeito dos seus ensinos, e esses relatos eram levados cada vez mais longe, sendo organizados e escritos pela próxima geração de discípulos (Primeiro Escrito 60d.C por Marcos). Lucas 1.1-4 diz: "Visto que muitos houve que empreenderam uma narração coordenada dos fatos que entre nós se realizaram,conforme nos transmitiram os que desde o princípio foram deles testemunhas oculares e ministros da palavra,igualmente a mim me pareceu bem, depois de acurada investigação de tudo desde sua origem, dar-te por escrito, excelentíssimo Teófilo, uma exposição em ordem,para que tenhas plena certeza das verdades em que foste instruído".

Outro fator importantíssimo é que os discípulos não se entendiam como uma nova religião para que precisassem de seus próprios escritos. Isso quer dizer que aceitavam as escrituras em hebraico e entendiam Jesus como o cumprimento da Lei e dos profetas. Esse fato deve nos ajudar a ampliar nossa visão a respeito da unidade bíblica, entendendo que os livros do Novo Testamento foram escritos com base na Torá e nos demais livros da Tanách. Por isso, de certa forma, criou-se uma mentalidade prejudicial na divisão entre Velho e Novo se entendermos tratar-se de uma palavra única que trabalha sobre princípio de alianças redentivas apontando para o cumprimento final em Jesus, o Cristo.

Paulo escreve em 2 Timóteo 3.16 que “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra”. De que escritura está falando? Das suas próprias cartas? Claro que não, fala da Torá, que não deve ser entendida como a Lei, mas como a forma de se “Ensinar sobre a Lei, ou ainda, orientar e instruir”, portanto as definições dadas por Paulo são as mesmas dadas a Torá.

Paulo quando fala de ensinar, de repreender, no sentido de uma convicção ser colocada a prova, corrigir no sentido de aperfeiçoar a vida e o caráter restaurando o estado correto e educar como um treinamento que visa desenvolver a mente e a moral através de exortação e repreensão, lembrando que exortar fala de chamar para o lado e admoestar de fazer pensar corretamente, mesmo que seja necessário repreender ou punir a fim de corrigir os erros e conter as paixões, promovendo crescimento em virtude, está falando da Torá, pois essas eram as escrituras da sua época.

Através das escrituras entendemos um Deus Perfeito que pode através desse processo, nos tornar perfeitos. Justamente por isso, Jesus não veio para anular, destruir ou tornar inútil a Lei e os Profetas, mas sim para cumprir, no sentido de tornar pleno e perfeito o que pela Lei era imperfeito e incompleto. Jesus veio para cumprir a vontade de Deus como deve ser (Lei) e cumprir as suas promessas (Profetas), seguindo a proposta de ampliar e estabelecer apostolicamente. Que continuemos avançando ouvindo, praticando e ensinando (Atos 1.1).

Fraternalmente em Cristo
Anderson Bomfim

[1] A bíblia e a sua História – Stephen M . Miller e Robert V. Huber
[2] A bíblia e a sua História – Stephen M . Miller e Robert V. Huber
[3] A bíblia e a sua História – Stephen M . Miller e Robert V. Huber
[4] A tora (Bereshit) – Marcelo Miranda Guimarães

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[ segunda-feira, 7 de julho de 2008 | 1 comentários ]

PARTE UM
EXAMINAI AS ESCRITURAS
Mudando de Paradigmas

Saúdo a todos bem vindos a esse espaço onde procurarei estar compartilhando a respeito dos valores pelos quais temos caminhado. Mediante a ênfase ministerial em que tenho servido, quero começar compartilhando a respeito do “Examinar as escrituras”, uma vez que estejamos vivendo um momento de volta as escrituras.

Porém, precisamos entender que para uma melhor compreensão bíblica temos que estar prontos a rever nossos “Paradigmas”, que denunciam os conceitos de nossa mente limitada e formatada a respeito da representatividade e abrangência bíblica. Por isso, meu objetivo nesse momento é de ampliar ao invés de restringir, é aumentar o ângulo da nossa visão e entendimento ao invés de apenas redefinir, é abrir a mente para reflexão mesmo que seja sobre aquilo que nos parece absoluto e incontestável.

Quando falo sobre “Paradigmas”, penso na forma como nossa maneira de pensar a respeito de algo acaba modelando uma mentalidade coletiva, desenvolvendo, com o tempo, um padrão de comportamento. Portanto, esse rever “Paradigmas” torna-se um grande desafio, por representar a transformação de "Conceitos que geraram modelos, que estabeleceram uma “Cultura" que pode ser definida como hábitos de pensamento que envolvem a vida coletiva, relacionando-se à produção e transmissão de conhecimentos que modelam comportamento.

Portanto, rever esses “Paradigmas” torna-se um grande desafio, por representar a transformação de "Conceitos que geraram modelos de comportamento e estabeleceram uma “Cultura", que pode ser definida como hábitos de pensamento que envolvem a vida coletiva, relacionando-se à produção e transmissão de conhecimentos que modelam comportamento. Além disso, a cultura é a expressão do “Espírito Coletivo” de um povo ou nação, no sentido de sua índole, alma, mente, intenção e condição do caráter predominante.

Com base nisso, podemos reconhecer a existência de uma “Cultura evangélica”, ou seja, uma série de hábitos de pensamento e comportamento predominantes, porém, isso não significa que essa “Cultura adquirida” seja a expressão de uma "Cultura Bíblica". Agora, sem fazer uso de linguagem depreciativa, mas reflexiva, precisamos avaliar até que ponto esses "Paradigmas" que desencadearam um “Legado Cultural”, ao invés de aprimoramento integral, ordem e avanço, são responsáveis por uma involução pública, intelectual, moral e espiritual.

Alguns problemas dessa “Cultura” desenvolvida, principalmente a respeito das escrituras, mostram-se como reflexo de toda uma mentalidade, fundamentada em uma cosmovisão centralizada no indivíduo, onde cada um procura na religião ou na “Boa nova do evangelho”, respostas para seus problemas pessoais, como se o próprio Deus estivesse a serviço das suas causas impossíveis ou sutilmente existisse em função da sua fugaz existência humana.

A prova disso é que muitos ainda pensam nas escrituras como um livro de “Auto-ajuda”, usado como método de aprimoramento pessoal em que o indivíduo pretende buscar, sem ajuda de outrem (Nesse caso do próprio Deus), soluções para problemas emocionais ou superação das suas diversas dificuldades.

Basta entrarmos em uma livraria “Evangélica” para encontrarmos muitas literaturas focando o indivíduo e seu desenvolvimento pessoal, confirmando a leitura de uma das revistas de maior circulação nacional feita a respeito do evangelho de “Auto-ajuda” como a tônica dos ministérios de maior expressão na atualidade

Isso tudo fala de “Paradigmas”, de hábitos de pensamento que promovem um modelo de comportamento a ser transformado a partir de uma Renovação de mentalidade. Essa realidade nos desafia a ampliarmos nosso entendimento ao invés de restringirmos e simplesmente redefinirmos conceitos, nos desafia a aumentarmos o ângulo da nossa visão e reencontrarmos valores perdidos que estão sendo procurados em lugares errados, nos desafia a um tempo de reflexão, mesmo que seja sobre aquilo que nos parece absoluto e tradicionalmente incontestável.

Paulo em Romanos 12.2, nos encoraja a buscar por essa “Renovação” no sentido de “Restauração e uma completa mudança para melhor”. Realmente não encontraríamos uma forma melhor de expressar o que estamos propondo. Romper com “Paradigmas” ou “Modelos” nada mais é do que buscar uma mudança completa e contínua para melhor, e que não seja mais vez algo para o “Nosso Melhor”, mas que procuremos romper com essa mentalidade egoísta e profana, para vivermos algo que nos transforme em pessoas melhores e agradáveis a Deus.

Portanto, estejamos abertos para “Renovar”, para ampliar nossa visão a respeito das escrituras, vamos recomeçar, corrigir as nossas motivações, restaurar nosso entendimento, reiterar nosso zelo pela integridade da palavra e dar novas forças a nossa busca pela verdade através do “Examinar as Escrituras”.

Busquemos as escrituras, motivados pelo desejo de encontrar aquilo que Deus quer que saibamos a seu respeito e não sejamos movidos apenas por aquilo que queremos saber. Pois nem sempre o que eu quero saber é aquilo que preciso saber, assim como, nem sempre o que eu quero fazer é o que Ele espera que façamos. A verdade é que nem sempre encontramos respostas, justamente por estarmos fazendo as perguntas erradas, ocupados com preocupações que nos desviam da responsabilidade para com a verdade de Deus relativa ao tempo presente.

Se entendemos que Deus fala conosco de muitas maneiras, o que Ele pode estar querendo nos dizer nesse momento? Será que tudo o que tem nos falado não aponta para algo que Ele quer que saibamos a seu respeito? O que faremos sobre isso? Compraremos um livro com idéias prontas ou examinaremos as escrituras? Se decidirmos ampliar nossa perspectiva a respeito do "Examinar as Escrituras", veremos que tudo passa a fazer sentido a partir Dele e não de nós mesmos. Veremos que amando a Deus teremos zelo pelas escrituras, e ela iluminará nossa jornada pelo Conhecimento de Deus.

Fraternalmente em Cristo
Anderson Bomfim