Home »

A REALIDADE DA RAÇA - Parte 1

terça-feira, 15 de setembro de 2009 1 comentários

INTRODUÇÃO
Durante muitos anos fui ensinado a respeito de uma graça gratuita, palavra essa, que acredito ter passado a nos influenciar negativamente na maneira de entendermos e vivermos a Graça e tão grande salvação de Deus em Cristo Jesus. Graça que passou a ser entendida como um caminho de benefícios unilaterais, onde apenas aquele que recebe passa ser beneficiado. Proposta que tem alimentado motivações egoístas, e fortalecido vaidade, limitando-se a uma vida religiosa sem responsabilidade e relevância.

Devemos seguir alguns de seus conselhos e um deles é “esquadrinhe” as escrituras. Mas o que isso significa? Simplesmente examinar algo minuciosamente, procurar detalhadamente a fim de encontrar a verdade e sermos libertos por ela. Se vós permanecerdes na minha palavra, sois verdadeiramente meus discípulos, e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará. (João 8.31-32). A medida que permanecemos na verdade relativa ao tempo presente (Permanecer) experimentamos a liberdade de espírito e de mente para crescer à estatura do nosso mestre, por isso, esses serão verdadeiramente seus discípulos.

1 Coríntios 15.9-11 Porque eu sou o menor dos apóstolos, que mesmo não sou digno de ser chamado apóstolo, pois persegui a igreja de Deus. Mas, pela graça de Deus, sou o que sou; e a sua graça, que me foi concedida, não se tornou vã; antes, trabalhei muito mais do que todos eles; todavia, não eu, mas a graça de Deus comigo. Portanto, seja eu ou sejam eles, assim pregamos e assim crestes.

Uma verdadeira compreensão dessa Graça será determinante para nosso crescimento e com base no texto de 1 Coríntios 15.9-11, observamos que Paulo a entendia, pois mesmo podendo se sentir o menor de todos os homens, sabia quem era por causa da Graça de Deus em sua vida e entendia que essa Graça não poderia se tornar vã, inútil ou improdutiva. (A palavra para Graça aqui é “charis” que aparece no NT 155 vezes sendo usada por Paulo 100 vezes). Por isso, trabalhava muito mais do que todos, porém, o que operava nele era a Graça de Deus. Trata-se de um bom exemplo da Graça que traz identidade e atitude. Quando entendo a Graça sei quem sou nele, sei o que posso fazer nela, entendo que tudo que sou deve manifestar esse favor de Deus para comigo.



A graça é uma realidade espiritual, uma condição onde experimentamos o governo de Deus e seu poder exercendo total influência sobre nossas vidas integralmente, uma realidade onde somos guardados, fortalecidos e crescemos na fé verdadeira, no conhecimento de Deus, no amor e no exercício das virtudes e poder desse Reino. Trata-se de uma realidade específica que testemunha da vida dentro do Reino. 

A GRAÇA E O PREÇO DA IDENTIFICAÇÃO
A graça no original hebraico vem de “hen” e “hanan” no sentido de gracioso aparecendo pela primeira vez em Gênesis 6.8 quando “Noé achou graça diante do Senhor”, mas o primeiro texto para analisarmos poderia ser Romanos 3.19 à 24 que diz “Ora, nós sabemos que tudo o que a lei diz aos que estão debaixo da lei o diz, para que toda boca esteja fechada e todo o mundo seja condenável diante de Deus. Por isso, nenhuma carne será justificada diante dele pelas obras da lei, porque pela lei vem o conhecimento do pecado. Mas, agora, se manifestou, sem a lei, a justiça de Deus, tendo o testemunho da Lei e dos Profetas, isto é, a justiça de Deus pela fé em Jesus Cristo para todos e sobre todos os que crêem; porque não há diferença. Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus, sendo justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus”.


Estamos falando de uma realidade em que todo o mundo é condenável diante de Deus, onde todo homem a partir do pecado deixou de ter parte, falhou em tornar-se participante de sua Glória. Nessa condição de “bocas fechadas”, de homens sem direito de reclamar sua inocência, se manifestou a justiça de Deus em Cristo Jesus, para justificar a todos que crêem.

Trata-se de um favor não merecido que nos promove a uma realidade e condição espiritual de alguém governado pelo poder divino, exercendo total influência sobre sua vida. Precisamos entender que a idéia de “gratuitamente” não necessariamente representa algo que não nos custe nada, mas sim algo imerecido, inalcançável por mérito próprio.


O ato de justificar é resultado de alguém que se apresenta em defesa ou em favor de outro, a questão é que nesse caso, nenhum homem era inocente, nenhum deles poderia ser inocentado e liberto por argumentação em seu favor, só havia uma maneira de trazer justificação, alguém sendo punido no lugar deles, a questão é que Jesus cumpriu a punição de toda transgressão, e apenas por essa identificação com o “punido” o homem pode se tornar aceitável e livre diante de Deus.


Trata-se de uma questão de pagamento, com moeda espiritual que é sangue (Apocalipse 5.9), e essa identificação não é passiva e gratuita, ela tem um preço muito alto, um preço de morte. 
Apocalipse 5:9 "E cantavam um novo cântico, dizendo: Digno és de tomar o livro e de abrir os seus selos, porque foste morto e com o teu sangue compraste para Deus homens de toda tribo, e língua, e povo, e nação". Outro texto que aparece o termo “dom gratuito” é Romanos 5. 12 que começa dizendo: “Pelo que, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, por isso que todos pecaram”. Paulo argumenta que antes da lei existir o pecado já estava no mundo e através do pecado a morte passou a dominar todos o seres humanos, então, Romanos 5.15 diz que há uma diferença entre o pecado de Adão e o dom “charisma” de Deus que ativa em nós uma realidade de graça “charis”.


De fato, muitos morreram por causa do pecado de um só homem; mas a graça de Deus é muito maior e através desse “dom charisma” somos elevados a uma condição espiritual muito mais elevada. Esse dom “charisma” nesse texto tem sido traduzido como “dom gratuito”, mas significa na verdade o poder que ativa a graça divina, pela qual o perdão do pecados e salvação eterna é apontada em consideração aos méritos de Cristo conquistados pela fé.

Esse termo “dom gratuito” é mais do que um presente, é o poder de Deus ativando uma realidade onde somos perdoados e salvos pelos méritos de Cristo, reposicionados e habilitados para cumprir seu propósito, porém, uma realidade condicionada a uma identificação espiritual com Ele pela fé.

Romanos 5:15 - 16 Mas não é assim o dom gratuito (charisma) como a ofensa; porque, se, pela ofensa de um, morreram muitos, muito mais a graça (cariv) de Deus e o dom (dorea) pela graça (cariti), que é de um só homem, Jesus Cristo, abundou sobre muitos. E não foi assim o dom (dorema) como a ofensa, por um só que pecou; porque o juízo veio de uma só ofensa, na verdade, para condenação, mas o dom gratuito (charisma) veio de muitas ofensas para justificação.Porque, se, pela ofensa de um só, a morte reinou por esse, muito mais os que recebem a abundância da graça (caritov) e do dom (dwreav) da justiça reinarão em vida por um só, Jesus Cristo.

Um dos textos mais conhecidos a respeito desse “dom gratuito” (charisma), que não necessariamente signifique algo gratuito, é Romanos 6.23 que diz: “Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus, nosso Senhor”. Um texto muito usado para dizer às pessoas que elas não precisam fazer nada para serem salvas, para apresentar um presente “grátis” de Deus, porém, esse texto está falando de uma negociação, de um pagamento.

Assim como o pecado requer a morte, o “dom charisma” de Deus promove uma realidade de vida eterna, ou seja, assim como para o pecado vem a morte, para esse poder de Deus “charisma” vem a vida eterna, e para alcançar esse favor imerecido, sem mérito próprio, tenho que experimentar essa realidade de pagamento identificando-me com Cristo. Precisamos entender que esse “charisma” fala de uma realidade que tem um preço de identificação com sua morte, para que possamos ser justificados Nele.

A graça é um favor imerecido que tem um preço de identificação, uma realidade de justiça que vem pela fé. Efésios 2.8 diz que estamos salvos dentro dessa graça alcançada pela fé, que não “vem de” nós, essa expressão “vem de” é uma preposição primária “ek” denotando origem ou o ponto de onde ação ou movimento procede, dando a entender que o que ativa essa realidade de graça não vem de dentro de nós, mas de dentro de Deus, é um “dom de Deus”, a palavra para “dom” aqui é dwron “doron” e pode referir-se a um presente no sentido de algo destituído da idéia de recompensa por obras ineficazes e incapazes de ativar essa realidade.

“Fomos sepultados com ele na morte por meio do batismo, a fim de que, assim como Cristo foi ressuscitado dos mortos mediante a glória do Pai, também nós vivamos em novidade de vida. Porque, se fomos unidos (sumphutos) com ele na semelhança da sua morte, certamente, o seremos também na semelhança da sua ressurreição, sabendo isto: que foi crucificado com ele o nosso velho homem, para que o corpo do pecado seja destruído, e não sirvamos o pecado como escravos, porquanto quem morreu está justificado do pecado.

Ora, se já morremos com Cristo, cremos que também com ele viveremos.” Romanos 6.4-6 Como podemos entender mais sobre esse preço de identificação? A verdade é que não se alcança a realidade da ressurreição e graça se não se alcança a realidade da crucificação (Romanos 6.5-14). Quando somos “Unidos a Ele na semelhança da sua morte, certamente o seremos também na semelhança da sua ressurreição (Romanos 6.5).”

E esse princípio de identificação funciona quando somos “unidos a Ele”, expressão que aponta para “sunphutos”, uma junção da raiz “sun” de “com”, e a palavra “phuo” de ser nascido juntamente com, portanto, identificação fala de sermos um com Ele, à semelhança espiritual de sua morte, para sermos um com Ele espiritualmente em sua vida. Para que vivamos unidos com Ele, dentro dessa realidade de graça, devemos ser crucificados com Ele de maneira que nosso velho homem e o corpo de pecado seja destruído (Romanos 6.6), ou seja, deve se tornar inativo e inoperante, privado de força, poder e influência para que vivemos a realidade do homem recriado.


É uma realidade alcançada pela fé, não passiva, mas operante que ativa uma nova realidade de vida a partir da morte. “Se morremos com Cristo com Ele viveremos!” (Romanos 6.8). Por sua morte e condenação somos justificados e libertos do pecado, o pagamento de morte foi efetuado, (Romanos 6.7), por isso, precisamos decidir morrer de uma vez por todas e da mesma forma vivermos sua vida “zoe”para Sempre! (Romanos 6.10).

A igreja do primeiro século vivia a “Realidade da ressurreição de Cristo” (Apocalipse 1.18 Estive morto, mas eis que estou vivo pelos séculos dos séculos e tenho as chaves da morte e do inferno.) A partir das evidências incontestáveis e da identificação pela fé com sua morte, viviam como testemunhas dessa ressurreição (Romanos 6.5 7.6), que Foi e É, a suprema e majestosa verdade do evangelho, o cumprimento da lei e dos Profetas (Lucas 24.44-46) a mensagem dos verdadeiros discípulos de Cristo (Atos 17.3), o fundamento do testemunho apostólico, a certeza do Juízo Final, a esperança dos justos para o presente, o futuro e a eternidade. Essa deve ser a nossa pregação em todo tempo e lugar (1 Coríntios 15.14), representando mais que um entendimento doutrinário, mas viver em novidade de vida, como pessoal nascidas do alto, a realidade de um cristianismo vivo e vitorioso. A forma como vivemos, testifica o Cristo que conhecemos.

1 comment »

  • Anônimo said:  

    Ei pastor. joia?
    escreva mais por favor sobre "graça", não entendi muito na parte escrita mas no audio peguei tudo. Tenho lido livros sobre "graça" de varios autores mas nessa perpectiva que vc fala ainda nao tinha ouvido falar. Preciso crescer muito ainda...aiai.
    abraçãooo.Nelsinho - Sorocaba.