:: QUANDO ESPERAR É CAMINHAR ::

[ segunda-feira, 11 de abril de 2011 | 2 comentários ]



 
Estamos vivendo dias agitados! Um ano de muitos acontecimentos simultâneos, dias de muita pressão e pressa, ansiedade por causa da necessidade de tomar decisões, confusão de vozes diante de diversas iniciativas, só de pensar minha mente já fica cansada. Mediante esse cenário conturbado existe um lugar em Deus que precisamos encontrar para poder avançar acima das circunstâncias, entendendo tratar-se de um tempo específico que determinará o que está por vir.

Pensando um pouco no ano de 2011, e procurando compreender esse tempo, acabei seguindo algumas senhas proféticas e caindo na numerologia bíblica. Essa leitura não tem como objetivo ser decisiva, nem mesmo ser a ultima palavra sobre este ano, mas apenas uma palavra diretiva para “este tempo específico” com objetivo de nos proteger nesse caminho de pedras (altares), transição e preparação para o que está por vir, movimentação que visa avanço rompedor fundamentado na verdade, vivermos juntos cumprimentos específicos de Deus.

Dentro da numerologia bíblica o numero dez tem a ver com “um ciclo completo”, segundo Deuteronômio 23.3-5, a décima geração completa representa um ciclo dentro de uma linhagem. Sabemos que o capitulo dez de Gênesis representa o fim de um ciclo na humanidade e o inicio de outro. Outro detalhe importante é que de Adão a Noé são dez gerações, um ciclo completo geracional, em alguns outros momentos das escrituras podemos encontrar essas sinalizações.

Outro aspecto dessa numerologia é sua relação com a lei (decálogo), um ciclo selado com uma palavra, Israel família agora seria uma nação sacerdotal, uma realidade a ser desenvolvida por meio de um processo de mudança de mente. Êxodo 19:4-6 Israel recebe uma palavra: “Tendes visto o que fiz aos egípcios, como vos levei sobre asas de águia e vos cheguei a mim. Agora, pois, se diligentemente ouvirdes a minha voz e guardardes a minha aliança, então, sereis a minha propriedade peculiar dentre todos os povos; porque toda a terra é minha; vós me sereis reino de sacerdotes e nação santa”. Entre o que ele fez (passado) e o que eles seriam (futuro), existe um agora (presente), um tempo determinante que envolve o ouvir aplicado e cuidadoso com objetivo de obedecer.

A partir dessa perspectiva, 2010 pode representar um “ciclo completo” da nossa jornada. Podemos entender um ciclo como uma sucessão de acontecimentos no tempo dentro de uma evolução progressiva, ciclos marcam a diferença entre o estágio inicial e o estágio conclusivo. Dentro de um cumprimento existem vários ciclos. Gênesis 10 representa o fim de um ciclo e o inicio de uma nova civilização a partir de Noé, porém, a continuidade no Capítulo 11 é o retrato de iniciativas humanas sem diretivas divinas.

Dentro da numerologia bíblica o numero onze pode representar desordem e confusão. Coincidentemente, Gênesis 11 fala da torre de Babel, cujo princípio se deu por meio de Ninrode, um “homem poderoso na terra” (Gênesis 10.8). Gênesis 10.31 fala que os filhos de Sem foram ordenados segundo suas famílias e suas línguas, em suas terras. Portanto, havia uma diversidade saudável, uma mesma maneira de falar no sentido da capacidade de articulação da palavra, mas diante de uma “planície” que representa o andar por sua própria vista, o homem poderoso da terra se aproveita da sua capacidade de articular para uniformizar (tijolos) uma ação e mobilizar a partir de iniciativas pessoais (lugar seguro e instável para si) em nome do Senhor, com objetivo de alcançar a morada de Deus, tocar os céus.

Essa realidade confirma o quanto a árvore do conhecimento do bem e do mal comprometeu a natureza do homem, que deixou de viver a partir de um relacionamento com Cristo (Palavra Viva) para ser “deus de si mesmo”, senhor do seu próprio caminho, oferecendo sacrifícios incapazes de fazê-lo vencer o pecado que bate a porta do seu coração (Gênesis 4.7). São iniciativas de tocar os céus por seus próprios esforços, de estabelecer um nome na terra por meio de suas próprias estratégias e metodologias infalíveis de edificação. Mas quando Deus visita a cidade traz confusão em tudo que está sendo feito fora do seu plano e o que parece não ter nenhum impedimento interno acaba entrando em falência.

O interessante é que Babel vem de Bab-Ilu “porta do El”, a porta de Deus, um lugar de comunicação com Deus e a palavra confusão vem de Balal “Misturar para confundir” (Jogo de palavras), trata-se de uma realidade onde se mistura a vontade de Deus com a vontade do homem, o problema dessa situação é quando perdemos a capacidade de disecernir o que é Dele do que é nosso. O projeto que deveria representar uma Porta para Deus se torna um lugar de confusão. Entendemos que 2011 é um ano de muitas iniciativas, muita articulação e mobilização em prol desse “tocar os céus”, a morada de Deus, dias marcados de uma movimentação perigosa porque pode ser humana misturada, uma ação de planícies.

Devemos prestar muita atenção e tomar muito cuidado, porque Deus está visitando as cidades e suas edificações. Como nunca antes nossas cidades estão vivendo dias de muita confusão de linguagem e visão. Muitos nesse contexto estão se sentindo pressionados a terem que fazer algo, se envolverem em algo, mostrarem algo, construírem algo. Mas será que temos mesmo que agir mediante a confusão de tantas vozes?

Nesse contexto de movimentação chegamos a Abrão, filho de Terá, da região de Ur dos Caldeus, um grande centro considerado “Mãe das civilizações do Oriente”, região conhecida por homens sábios. Nesse contexto Terá estava se movimentando rumo a Canaã, porém morreu em Harã, assim termina o Capítulo 11, com um homem entendido que sabia para onde estava indo, cujo o nome significa “demora”, morrendo num lugar cujo o nome significa “lugar seco”. Não teria a melhor maneira de resumir o resultado das iniciativas humanas sem direção divina. Pessoas que sabem para onde estão indo, mas chegam a lugar nenhum.

Creio que Genesis 12 tem uma resposta para esse tempo que vivemos em 2011: “disse o Senhor a Abraão”. Em meio a confusão de tantas vozes, cobranças e movimentações cheias de expectativas humanas e frustração, um homem ouviu Deus. Sabemos que na numerologia bíblica o doze representa uma ordem divina, governo perfeito de Deus. Por isso temos doze patriarcas, doze tribos, doze profetas menores, doze apóstolos, doze horas ao dia e doze horas a noite, doze meses, em Apocalipse 21 encontramos doze portas, doze anjos, doze fundamentos, o nome dos doze apóstolos, doze pérolas, doze mil mil estádios, doze pedras, doze mil selados, doze frutos. Trata-se da ordem do seu Reino.
 A partir do momento que entendemos o fim de um ciclo temos que reconhecer a necessidade de esperar por essa palavra de ordem que trará uma nova movimentação em Deus. Esse “esperar” não representa uma posição passiva, mas uma disposição de coração onde “Esperar é caminhar”. Lendo alguns artigos encontrei uma definição interessante de Christofher Walker; “Esperar é dar tempo para que Ele nos fale, cultivar sua presença para descobrir seus intentos. Esperar é abandonar idéias, projetos e esforços humanos, entregar toda iniciativa a Deus. Aguardar na sua presença pela palavra de ordem”.

Talvez a última coisa que queríamos nesse momento é esperar, mas a melhor coisa que muitos homens fizeram para poder cumprir seu chamado e serem relevantes na história foi esperar. Para muitos essa diretiva não funciona, e por isso insistem em agir no silêncio. A questão é que esse “Esperar” para “ouvir” não se trata do Espírito de Deus responder nossas perguntas, de buscarmos ouvir aquilo que entendermos ser importante para nossas questões, mas trata-se de buscarmos ouvir aquilo que Ele quer que saibamos “agora”, aquilo que o Espírito de Deus entende ser importante para nosso avanço.

Estamos entre a “lei” e a “ordem”, entre o saber e o fazer, entre a progressão das primeiras palavras que recebemos e a continuidade das nossas primeiras ações. Creio esse seja um dos nossos maiores problemas, entender que mesmo sem vermos algo, há uma progressão por meio desses ciclos, que exige de nós uma continuidade.

Agora estamos no tempo de esperar Deus agir trazendo algumas definições (Genesis 11) para que possamos atuar em um novo ambiente de acordo com uma nova mentalidade (Gênesis 12). Esse esperar tem a ver com a convicção de fé que Ele está fazendo algo “agora”, tem a ver com agirmos na força do seu poder. Salmo 27:14 diz: “Espera pelo SENHOR, tem bom ânimo, e fortifique-se o teu coração; espera, pois, pelo Senhor”. Salmos 31:24 diz: “Sede fortes, e revigore-se o vosso coração, vós todos que esperais no Senhor”. Esse esperar tem a ver com um fortalecimento Nele, tem a ver com uma preparação para aquilo que está por vir.

Existem muitos salmos sobre essa “espera”, mas a questão é; o homem que mais fala sobre “esperar nele” é aquele que alcançou mais relevância profética nas coisas que fez “Nele”. Davi aprendeu a esperar e conseguiu servir sua geração segundo o desígnio de Deus (Atos 13.36). Vejamos esse “esperar” como o meio de caminhar na força dele.

Isaias 40:26 diz: “Não sabes, não ouviste que o eterno Deus, o SENHOR, o Criador dos fins da terra, nem se cansa, nem se fatiga? Não se pode esquadrinhar o seu entendimento. Faz forte ao cansado e multiplica as forças ao que não tem nenhum vigor.Os jovens se cansam e se fatigam, e os moços de exaustos caem,  mas os que esperam no SENHOR renovam as suas forças, sobem com asas como águias, correm e não se cansam, caminham e não se fatigam”.Esperar Nele, trará renovação de forças e nos levará além dos nossos limites, teremos condições de irmos além de todos que caminham na sua própria força, segundo seu entendimento. Nosso Deus não se cansa e assim como Ele pensa, assim executa (Isaías 14:24).

Em Atos 1, vemos Jesus durante quarenta dias falando sobre o Reino, provavelmente palavras relativas a Mateus 28 e Marcos 16, palavras diretivas quanto ao comissionamento apostólico, porém, antes de fazer qualquer coisa com relação a isso, deveriam esperar em Jerusalém. Trata-se de uma espera que ao mesmo tempo é uma busca. Para eles provavelmente foram dez dias (Dias entre a páscoa e pentecostes). Mas perseverar unânimes na busca pela espera do Espírito Santo foi determinante para que se tornassem testemunhas ao confins da terra.

Não podemos nos render a pressão de nos envolver em ações humanas desprovidas de diretivas divinas. Trata-se apenas de uma palavra de alerta e encorajamento. Quando Abraão não esperou gerou um Ismael, a figura daquilo que é feito segundo a própria força, de forma misturada, vontade de Deus e a nossa vontade, e o resultado disso foi “confusão”.

Que nossos corações e mentes sejam guardados em Cristo Jesus, e que possamos perseverar nessa espera perseverante, porque esperar Nele é caminhar. Minha oração é para que essa geração caminhe no seu chamado e não apenas  em estratégias humanas ou iniciativas misturadas e confusas. Estamos entre a lei e a ordem, estamos em dias confusos em que esperar é caminhar.

Fraternalmente em Cristo
Anderson Bomfim